Homilia de Entronização
Queridos irmãos Cardeais, no qual saúdo a todos pela pessoa de Dominik Lacroix, Decano interno do Colégio Cardinalício;
Queridos irmãos Bispos, no qual saúdo a todos pela pessoa de Giovanni Pacelli, Prefeito do Dicastério para os Bispos;
Queridos irmãos Padres e Diáconos, no qual saúdo a todos pela pessoa de Pedro Henrique Omena, Prefeito do Dicastério para o Clero.
Queridos irmãos Religiosos, Religiosas, Consagrados, Consagradas, no qual saúdo pela pessoa de Dom Atanásio D'Aniello, Prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
Querida sra. Madalena Paula Priscila, Presidente da Cidade do Carmo.
Queridos irmãos e queridas irmãs, vos acolho com amor de Pai, de quem agora assume a frente da barca de Pedro e a vai capitanear.
Hoje inicia-se uma etapa profunda e solene da vida da Igreja, na qual me encontro chamado a servir como Sucessor de Pedro. Ao receber o Anel do Pescador e o Pálio Pastoral, não recebo títulos nem honrarias, mas um encargo de serviço, de amor e de responsabilidade, que deve sustentar-se sobre a fidelidade a Cristo e à Sua Igreja.
Celebramos ainda a Festa da Dedicação da Basílica de Latrão, que nos lembra que a Igreja é, antes de tudo, casa de Deus, aberta a todos, fundada sobre a Rocha de Cristo, mãe e referência de todas as comunidades cristãs.
O profeta Ezequiel descreve hoje um rio que brota do templo e que se espalha, levando vida e fecundidade onde passa. Esta água não é apenas imagem; é símbolo do amor e da graça de Deus, que transformam corações e renascem em esperança.
O ministério petrino deve ser assim: fonte que não se esgota, canal de vida que alcança todos os corações, mesmo os mais feridos, os mais afastados, os mais cansados. Onde há medo, que leve coragem. Onde há desalento, que leve esperança. Onde há fragilidade, que leve força.
O Pálio que hoje recebo não é ornamento, mas símbolo do ministério compartilhado, da responsabilidade que não recai sobre um só homem, mas sobre toda a Igreja. Ninguém caminha sozinho: cada batizado é parte desta corrente de vida, cada coração é chamado a se unir à água que flui do Cristo ressuscitado.
São Paulo nos recorda que somos templo de Deus e que ninguém pode colocar outro fundamento além daquele que já foi estabelecido: Jesus Cristo.
O ministério petrino não é exercício de poder, mas testemunho e serviço à fé. Liderar não é dominar, mas proteger o fundamento que nos sustenta. É ajudar toda a Igreja a permanecer firme sobre a Rocha.
A Basílica de Latrão nos lembra disso: uma casa construída sobre a fé, que resiste às tempestades da história. Assim deve ser a Igreja que caminhamos juntos a edificar.
O Pálio que recebo é símbolo desta responsabilidade: guiar, orientar, proteger e servir, mas sempre em comunhão com todos. Liderança é comunhão, não isolamento.
No Evangelho, Jesus purifica o templo, mostrando que a casa de Deus deve ser lugar de oração e vida, não de interesse ou ruído. Ele se apresenta como a pedra viva do templo, lembrando-nos que o centro da fé não é a instituição, mas a Sua pessoa, a presença do Deus vivo entre nós.
Que este exemplo inspire a todos nós: a Igreja deve ser lugar de encontro com Cristo.
Como disse São João Paulo II em sua entronização: “Abri as portas a Cristo, não tenham medo!”
Estas palavras não se dirigem apenas a mim, mas a todos: a Igreja é chamada a abrir portas, não a erguê-las contra o mundo, a conduzir todos à vida plena em Cristo, a iluminar onde há trevas, a confortar onde há dor.
O Anel do Pescador e o Pálio Pastoral são sinais de autoridade, mas também de humildade e serviço. Receber este ministério é aceitar a responsabilidade de caminhar à frente, não como dominador, mas como servidor, primeiro entre irmãos, sustentando e protegendo, guiando e encorajando, mas sempre junto do povo.
O ministério de Pedro exige coragem: coragem de enfrentar crises, medo, dúvidas; coragem de permanecer fiel quando tudo parece frágil; coragem de confiar na graça de Deus quando os desafios parecem impossíveis.
A Igreja hoje, e todos nós que a compomos, enfrentamos tempos de transformação, de provação e de oportunidade. Cada um é chamado a abrir-se a Cristo, a deixar-se transformar pela água viva, a edificar a vida sobre a Rocha.
O ministério petrino não é solitário. Ele existe para unir, proteger e conduzir, mas todos os fiéis são chamados a ser parte desta caminhada. A Igreja não é construída por um homem, mas pelo Corpo de Cristo, de que cada batizado é parte viva.
Que possamos ser canais de esperança, portadores de fé viva e instrumentos de amor para o mundo. Que cada gesto, cada palavra, cada decisão seja marcada pelo desejo de levar Cristo a todos, especialmente aos que mais sofrem, aos que mais necessitam.
Hoje, diante de toda a Igreja e do mundo, inicio este ministério com humildade, oração e confiança. Que a Festa da Dedicação da Basílica de Latrão, mãe de todas as igrejas, nos inspire a edificar uma Igreja de oração, de fé e de esperança, aberta a todos.
Que o Anel do Pescador e o Pálio Pastoral me lembrem diariamente: não vim para ser servido, mas para servir; não vim para comandar, mas para conduzir; não vim para temer, mas para abrir portas a Cristo.
Abri as portas a Cristo, não tenham medo! Que estas palavras ressoem em nossos corações e nos façam caminhar juntos, guiados pelo Espírito Santo, na construção de uma Igreja viva, fiel e corajosa.
Amém.
Comentários
Enviar um comentário