Homilia Solene do 15º Aniversário
Caríssimos filhos e filhas,
Hoje o céu abre um sorriso sobre nós. Não por causa de uma obra humana, não por uma conquista superficial, mas porque hoje recordamos com gratidão e espanto o que Deus fez e continua fazendo no meio desta comunidade. Quinze anos se passaram desde que, neste ambiente virtual que muitos jamais imaginariam como lugar de fé, brotou um apostolado que resistiu ao tempo, à mudança das gerações, às tempestades internas e externas, e permaneceu de pé.
Tudo começou no ano de 2010. Parecia tão simples, talvez até pequeno aos olhos do mundo. Mas os primeiros tijolos foram colocados com oração, coragem e entrega. Eu mesmo, desde 2012, fui testemunha e companheiro dessa história. Recordo o entusiasmo dos fundadores - D. Piacenza, que hoje serve como sacerdote na vida real, e o jovem Nicolas, que em 2020 foi chamado por Deus, partindo deste mundo mas permanecendo vivo na memória desta obra e no coração de cada um que aqui caminhou. Os que já partiram, os que já se dispersaram, os que ainda permanecem, todos - sem exceção - ajudaram a construir este lugar.
E ao olharmos para trás, para tantos rostos, tantas vozes, tantos sonhos e até tantas feridas, recordamos a Palavra que ouvimos de São Paulo:
“Ninguém pode pôr outro fundamento a não ser Jesus Cristo.”
Nenhum de nós é o dono desta obra. Nenhum de nós é o centro dela. Nenhuma glória pertence ao homem. Tudo o que somos, tudo o que alcançamos, tudo o que resistimos — só resistiu porque Cristo é o fundamento. Se tivéssemos construído sobre orgulho, sobre vaidade, sobre disputa, esta casa não completaria 15 anos. Teria ruído como casa na areia. Mas aqui estamos — não porque fomos perfeitos, mas porque Jesus permanece fiel.
A primeira leitura narra o Templo sendo consagrado, a arca levada ao Santo dos Santos, o canto que enchia o ambiente com louvor, até que a glória de Deus o envolveu. Hoje esse Templo não são pedras. Somos nós. Somos nós que carregamos a presença de Deus, nós que sustentamos a chama viva desta missão. Não temos colunas de mármore, mas temos fé. Não temos incenso queimando em turíbulos reais, mas temos louvor queimando neste encontro - e ele sobe até o céu com o mesmo perfume.
No Evangelho, ouvimos a pergunta decisiva:
“E vós, quem dizeis que eu sou?”
Essa pergunta ecoa em cada geração. Ecoa aqui hoje, entre nós. Se respondemos com a boca que Jesus é o Cristo, então também devemos responder com a vida. Se Ele é o fundamento, então devemos permanecer unidos. E aqui recordo com dor e esperança as divisões que testemunhamos ao longo dos anos. ICAR-Let em 2023, ICH mais recentemente… irmãos que saíram, fragmentos de um corpo que deveria ser um só.
Não estou aqui para condenar, acusar ou apontar falhas individuais. Mas estou aqui — como Pai e Pastor — para lembrar que Cristo não fundou várias igrejas. Cristo não desejou grupos apartados, vozes isoladas, reinos pessoais. Ele disse:
“Um só rebanho e um só Pastor.”
Se a intenção fosse apenas ensinar o Evangelho, estaríamos juntos. Se a intenção fosse servir, não haveria divisão. Se Cristo fosse o centro, as disputas cessariam. Mas o coração humano, quando se coloca no trono que pertence a Deus, cria distâncias, levanta muros, declara independência. E tudo isso fere, entristece e ameaça. Não ameaça a fé — pois esta é obra divina — mas ameaça almas, pessoas, amizades, famílias espirituais que poderiam estar em comunhão e não estão.
Por isso, neste dia que é memória e vitória, também é um chamado. Um grito com voz mansa mas firme:
Voltem. Reconciliai-vos. A casa está de pé. A porta está aberta.
Não sejamos mensageiros de ódio, nem portadores de orgulho, nem defensores de bandeiras pessoais. Se queremos anunciar Cristo, que o façamos unidos. Se queremos evangelizar, que seja com humildade. Se queremos celebrar 15 anos, que esses 15 anos sejam também o início de uma nova unidade.
Porque a Igreja não é palco.
Não é disputa.
Não é título.
A Igreja é família.
E família só existe quando se caminha lado a lado.
Meus filhos, hoje agradecemos. Agradecemos aos que estiveram, mesmo aos que se afastaram. A todos que serviram, pouco ou muito. A todos que rezaram, sofreram, ensinaram, aprenderam. Nenhuma contribuição foi em vão. Deus viu tudo. Nada se perde quando é feito por amor.
Mas também hoje sonhamos. Sonhamos com um futuro ainda mais fiel. Com uma missão ainda mais madura. Porque 15 anos mostram que não somos uma obra infantil. Somos obra que amadureceu. Somos comunidade que pode ir mais longe - se caminharmos juntos.
Portanto — escutai com o coração:
Unam-se. Não tenham medo de recomeçar. Não tenham vergonha de voltar.
Não guardem feridas antigas, não alimentem rivalidades que esvaziam, não repitam erros que cansam a alma. Sejam construtores da paz que Cristo prometeu. E lembrem-se da promessa do Senhor:
“As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja.”
15 anos testemunham isso. Resistimos porque Deus quis.
E se continuarmos na humildade, Ele fará esta obra ir além do que imaginamos.
Que Nicolas interceda por nós junto de Deus.
Que Maria nos cubra com seu manto.
Que Cristo permaneça o centro.
E que este apostolado continue sendo, como é, luz que não se apaga.
Feliz aniversário, meus filhos.
Quinze anos de fé, perseverança e amor.
Que venham outros quinze, e depois mais quinze, até que o céu seja tudo em todos.
Amém.
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